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Na série “Verdades Desconfortáveis”, exploramos temas que desafiam percepções comuns sobre o comportamento humano. Hoje, abordaremos uma das mais profundas necessidades humanas: o controle. Mais especificamente, a obsessão que muitos de nós desenvolvemos em controlar nossos próprios destinos e, frequentemente, as vidas de quem está ao nosso redor. Seja no contexto de relações pessoais, educação dos filhos ou rotinas do dia a dia, essa busca incessante por controle pode trazer conseqüências inesperadas para nossa saúde mental e relações.

A Necessidade de Controle: Uma Questão Biológica e Psicológica

A necessidade de controle está profundamente enraizada em nossa biologia. Estudos em neurociência indicam que o cérebro humano é projetado para prever e influenciar o ambiente ao seu redor, garantindo assim a sobrevivência. O psicólogo Julian Rotter, criador do conceito de “locus de controle”, destacou que a percepção de controle sobre eventos é crucial para a autoestima e a saúde psicológica.

Por outro lado, a falta de controle pode levar ao fenômeno conhecido como “desamparo aprendido”. Esse termo, cunhado por Martin Seligman, descreve como a exposição a situações incontroláveis pode gerar sentimentos de impotência e, em casos extremos, depressão. Isso explica por que tantas pessoas desenvolvem comportamentos obsessivos para evitar essa sensação.

Controle em Relações Pessoais

A obsessão por controle é especialmente evidente nas relações interpessoais. No contexto de parcerias românticas, o controle muitas vezes se manifesta como ciúmes excessivo, desejo de monitorar o parceiro ou necessidade de ditar suas escolhas. Segundo um estudo publicado na Journal of Marriage and Family Therapy, relações baseadas em controle tendem a ter maiores índices de conflito e insatisfação.

Quando se trata de pais e filhos, o controle pode ser ainda mais prejudicial. Um estudo longitudinal conduzido pela Universidade College London revelou que filhos de pais excessivamente controladores têm maior probabilidade de desenvolver ansiedade e depressão na idade adulta. O controle parental excessivo, comumente chamado de “parentalidade helicóptero”, também está associado a dificuldades de adaptação social e redução da autonomia dos filhos.

A Ilusão do Controle

A ideia de que podemos controlar tudo ao nosso redor é, em muitos casos, uma ilusão. O psicólogo Daniel Wegner introduziu o conceito de “ilusião de controle”, descrevendo como as pessoas frequentemente superestimam sua capacidade de influenciar eventos externos. Essa ilusão pode ser tanto benéfica quanto prejudicial: enquanto, em alguns casos, promove a motivação, em outros, pode levar à frustração e ao desgaste emocional.

No dia a dia, essa obsessão por controle é visível em pequenas ações, como tentar planejar cada detalhe da rotina ou evitar delegar tarefas. Paradoxalmente, estudos mostram que a capacidade de aceitar a incerteza está correlacionada com maiores índices de bem-estar. Em uma pesquisa publicada na revista Psychological Science, indivíduos que aprenderam a abraçar a imprevisibilidade relataram menos estresse e mais satisfação com a vida.

Quando o Controle Se Torna Patológico

Embora o controle em si não seja intrinsecamente ruim, ele pode se tornar patológico quando atravessa os limites do razoável. Transtornos como TOC (Transtorno Obsessivo-Compulsivo) são exemplos extremos dessa dinâmica. Pessoas com TOC frequentemente realizam rituais repetitivos na tentativa de controlar seus pensamentos ou ambientes, mesmo quando esses comportamentos interferem na qualidade de vida.

Além disso, em um mundo hiperconectado, o desejo de controlar nossa imagem nas redes sociais pode contribuir para o aumento da ansiedade e da comparação social. De acordo com a Royal Society for Public Health, plataformas como Instagram e Facebook estão associadas a altos níveis de ansiedade, especialmente entre jovens adultos.

Como Lidar com a Necessidade de Controle

Aceitar que nem tudo está sob nosso controle é um passo essencial para uma vida mais equilibrada. A prática de mindfulness, por exemplo, tem se mostrado eficaz em ajudar as pessoas a reduzir sua necessidade de controle excessivo. Um estudo da Universidade de Massachusetts revelou que indivíduos que praticam mindfulness regularmente relatam maior aceitação da incerteza e redução de sintomas de estresse crônico.

Outro método é a terapia cognitivo-comportamental (TCC), que auxilia as pessoas a reavaliar crenças disfuncionais sobre controle e a desenvolver estratégias mais saudáveis para lidar com situações imprevisíveis.

Conclusão

A obsessão humana por controle é uma faca de dois gumes: enquanto nos ajuda a criar estrutura e significado em nossas vidas, também pode gerar ansiedade, conflitos e desilusão. Reconhecer os limites do que podemos controlar é essencial para preservar nossa saúde mental e nutrir relações mais saudáveis. Afinal, como disse o filósofo Epicteto:

“Não são os eventos que nos perturbam, mas sim nossa percepção sobre eles”.


No próximo artigo da série “A Mente das Massas”, exploraremos como a busca por controle transcende o indivíduo e influencia estruturas sociais, políticas e religiosas. Fique atento!

Fontes externas (em outros idiomas):

  1. American Psychological Association (APA) – Artigo sobre como o locus de controle interno e externo influencia o comportamento humano.
    Leia mais aqui.
  2. Stanford Encyclopedia of Philosophy – Discussão filosófica e psicológica sobre o desejo de controle.
    Leia mais aqui.
  3. Psychology Today – Artigo sobre como a necessidade de controle pode impactar relacionamentos.
    Leia mais aqui.
  4. Santa Clara University – Estudo que explora a relação entre o desejo de controle e o desempenho acadêmico.
    Leia mais aqui
    Santa Clara University
    .
  5. National Institutes of Health (NIH) – Pesquisa sobre transtornos obsessivos relacionados ao controle.
    Leia mais aqui.

Fontes para aprofundamento (em português):

  1. Psicologia Viva – Reflexão sobre a importância do locus de controle para o equilíbrio emocional.
    Leia mais aqui.
  2. SciELO Brasil – Estudos sobre comportamentos obsessivos e sua relação com a busca por controle.
    Leia mais aqui.
  3. Portal PEBMED – Artigos sobre transtornos de ansiedade e o papel do controle na saúde mental.
    Leia mais aqui.
  4. Revista Galileu – Matéria sobre como a obsessão por controle afeta a vida moderna.
    Leia mais aqui.
  5. Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) – Discussão sobre a obsessão por controle em contextos familiares.
    Leia mais aqui.

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